segunda-feira, 13 de setembro de 2010

27º Festival da Batata em Ouro Branco-MG

Por: Thaís Colen

A cidade de Ouro Branco, localizada no interior de Minas Gerais, já se prepara para o tradicional Festival da Batata. Em sua 27ª edição o evento acontecerá de 07 a 12 de Outubro na praça de eventos da cidade. Entre as atrações mineiras, estão grandes nomes da música brasileira. Serão 06 (seis) dias de festa que além dos shows contará com o circuito alternativo onde será eleita a Rainha da Batata, terá também concurso de marcha, concurso de pratos típicos e a melhor decoração nas escolas municipais. A prefeitura propôs uma novidade, que bares e restaurantes façam parte da programação, oferecendo durante o mês de setembro e nos dias da festa, um cardápio especial á base de batata. Os estabelecimentos também podem ser decorados para chamar a atenção dos clientes.


Programação:

07/10 (quinta-feira)
Lex Luthor

08/10 (sexta-feira)
Luan Santana

09/10 (sábado)
Maria Cecília e Rodolfo

10/10 (domingo)
Parangolé

                                                                                     11/10 (segunda-feira)
                                                                                     João Bosco e Vinícius

                                                                                     12/10 (terça-feira)
                                                                                     Groov D'Primeira
                                                                                     Danilo Mendes
                                                                                     Fred e Gustavo


Os shows realizados na quinta-feira (07/10) e na terça-feira (12/10) terão entrada franca, e nos demais dias os ingressos estão disponíveis nos pontos de vendas da região e estarão disponíveis também na bilheteria da praça de eventos de Ouro Branco no dia dos shows.

Ingressos:
Venda dos passaportes e ingressos começa nesse sábado, dia 17-09
A partir desse sábado, o público já pode garantir a sua entrada no 27ª edição do Festival da Batata. O primeiro lote de passaportes chega aos pontos de venda no sábado, 18, e serão vendidos por R$ 50. Os ingressos estão sendo vendidos com os seguintes preços:

08/10 (Sexta-feira) Luan Santana – R$ 25,00

09/10 (Sábado) Maria Cecília e Rodolfo – R$ 20,00

10/10 (Domingo) Parangolé – R$ 20,00

11/10 (Segunda-feira) João Bosco e Vinícius – R$ 20,00

Obs: Todos os preços são referentes à meia entrada estendida à todas as categorias

Pontos de venda:
Ouro Branco: Net Point (Shopping Avenida Mariza e na Rua Santo Antônio, no Centro) e Verde e Branco (Shopping na Avenida Mariza)

Conselheiro Lafaiete: Sorveteria Salada, Via Calçados e Adega Iels

Congonhas: Quallytour Viagens

Carandaí: Auto Escola Carandaí

Ouro Preto: Radio Real Fm

Barbacena: Biscoiteria Avenida

Informações: 3721-9999 / 3749-6012

sábado, 28 de agosto de 2010

Resenha - Grupo Patuá

Por Juliano Nicoliello.

Prova de que Minas Gerais não produz somente à conhecida “música de montanha”, o Grupo Patuá, de Belo Horizonte, faz um samba de raiz e choro da melhor qualidade. São 15 composições inéditas, que marcam o primeiro trabalho totalmente autoral e independente da banda, formada por jovens amantes do samba.

Confiram o clipe da música "Métodos e Medidas". Letra de Luizinho Capadócio.


O álbum de estréia consegue a perfeita ligação entre a informalidade do samba com o jeitinho mineiro de se fazer boa música. Com arranjos de bandolim, flauta, sete cordas e, é claro, o choro, somados aos vocais precisos de Amon Siqueira, o grupo nos transporta a uma viagem por Minas Gerais, misturando o samba com elementos de nossa história e surpreendendo a cada nova canção. Contando com participações pra lá de especiais de grandes músicos como Paulinho Pedra Azul, Fabinho do Terreiro, Cabral, Geraldinho Alvarenga, Gangbe Bass Band, Rita Silva, Cidade Amaral, entre outros, está formado o grande espetáculo desse trabalho imperdível.

Todas as estrelas da Revista Armazém do Som brilham para o Grupo Patuá.






Para mais informações, acesse o site do Grupo Patuá.

sábado, 14 de agosto de 2010

Seção Nostalgia - O Clube da Esquina

Por Bruno Viveiros Martins
Milton, Lô Borges e Beto Guedes
Quando perguntados sobre o surgimento do Clube da esquina, seus integrantes não hesitam ou divergem em suas declarações: a amizade estaria tanto na origem, como seria também a mola propulsora da obra conjunta realizada por esses compositores. A amizade nasceu, portanto, antes de qualquer canção. Segundo eles, as esquinas de Belo Horizonte proporcionavam os mais diversos tipos de encontros. Em uma delas, se deu o encontro entre a amizade, os sonhos de liberdade e as canções. Nova maneira de viver e experimentar a canção brasileira, o Clube da esquina surpreendeu o país ao combinar, de maneira inovadora, o que havia de mais atual e surpreendente em circulação pelas capitais do mundo, com as particularidades da base cultural mineira.

Clube da Esquina
A capital mineira, durante as décadas de 1960 e 1970, foi o cenário ideal para o encontro entre os personagens que viriam a fazer parte do Clube da esquina, e o palco perfeito para o nascimento da obra produzida por eles. Belo Horizonte foi o ponto de partida para a criação de uma nova musicalidade que carrega a densidade barroca dos cantos das festividades religiosas; que paquera a melodia chorosa das noites de serestas; que flerta com a imprudência acrobata do Jazz; que namora a batida harmoniosa do violão bossa-novista; que acompanha o batuque ritmado do congado e se deixa levar pelo delírio, eletrizado pelas guitarras do Rock.
Milton Nascimento
O Clube da esquina, liderado pela voz de Milton Nascimento, transformou Belo Horizonte em uma “esquina sonora”, que se configura como um espaço do diálogo, da descoberta de novas referências, influências e amizades. Esquina como a do cruzamento entre as ruas Divinópolis e Paraisópolis, em Santa Tereza. Este bairro onde a família Borges morava, abrigou grande parte das reuniões entre os membros e demais convidados do Clube da esquina. O marco inicial dessa trajetória nos leva a 1967, ano de lançamento do disco de estréia de Milton Nascimento. Na gravação desse disco, impulsionada pela repercussão de “Travessia”, classificada em segundo lugar no II Festival Internacional da Canção daquele ano, estão reunidas as primeiras composições do grupo, que tinha Milton Nascimento, Wagner Tiso, Márcio Borges, Fernando Brant e Ronaldo Bastos entre seus integrantes iniciais. Algumas dessas canções foram compostas entre os anos de 1963 e 1964, momento em que, se prenunciavam as transformações que alteraram os rumos políticos do país, bem como o cotidiano vivido por esses jovens compositores.

Clube da Esquina 1
Em 1964, o regime militar passou a impedir o ativismo político e cultural, interferindo no cotidiano da cidade e do país através da censura e da perseguição aos opositores do governo. Para o escritor Afonso Romano de Sant’Anna, em Belo Horizonte, “a revolução se socializava nos bares”. Em especial, nos bares da galeria do Edifício Malleta, uma espécie de “espaço síntese dos anos 1960”. Em seus discos seguintes, já com certo respeito alcançado no cenário artístico brasileiro, Milton Nascimento agrupou, em torno de sua figura, outros compositores e instrumentistas, como Toninho Horta, Nelson Ângelo, Lô Borges, Beto Guedes, Flávio Venturini, Tavinho Moura, Murilo Antunes entre outros, os quais, aos poucos, passaram a oferecer sua marca pessoal ao trabalho que vinha sendo realizado. Ao longo da década de 1970, o Clube da esquina se firmou na cena sonora do país, criando uma linguagem própria, com alto grau de elaboração e originalidade.

Clube da Esquina 2
A partir do disco Milton, de 1970, o intérprete mineiro comportado que vestiu terno preto para subir ao palco do II Festival Internacional da Canção e defender a canção “Travessia”, em 1967, adotava um novo visual, composto por elementos que reafirmavam a importância da cultura negra em sua carreira. O novo figurino utilizado em seus shows incluía: pés descalços, cabelos eriçados, calças amarelas justas, colares de contas, jaqueta de couro com colagens de estrelas prateadas. Além disso, a capa do disco, criada por Kélio Rodrigues, trazia o cantor em um desenho de contornos bem definidos e cores fortes, que traduzia a nova guinada na trajetória do artista. Para acompanhá-lo em seus shows, Milton Nascimento convidou o Som Imaginário (Wagner Tiso, Luís Alves, Robertinho Silva, Laudir de Oliveira, Tavito, Fredera e Zé Rodrix), banda de rock progressivo que, pelos casacos psicodélicos, cabelos e barbas longas, lembrava muito a capa do disco Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band. Esse grupo formou a base musical na produção do disco que fundia as guitarras distorcidas de Lô Borges com o uso determinante da percussão de Naná Vasconcelos.
Reunião nos botecos de Belo Horizonte
Lançado em 1972, o álbum Clube da esquina, devido a sua ousadia musical, variedade rítmica e experimentação incomum na canção popular realizada até o período, foi reconhecido pela crítica especializada como um marco divisor na produção fonográfica brasileira do século XX. O LP contou com a participação maciça de todos os músicos reunidos por Milton Nascimento até então e é considerado como a consolidação das inovações musicais criadas pelo grupo. Durante as gravações, os músicos se revezavam em vários instrumentos nas diferentes faixas do disco. Não existe um instrumento especifico para cada músico. A musicalidade resultante dessa combinação seria a característica que marca o trabalho coletivo realizado pelo Clube da esquina. Em 1978, o grupo celebra novamente a amizade com um novo encontro musical: o disco duplo Clube da Esquina 2. Esses dois LPs formam o “cartão de visita” do grupo.
Em seu percurso, o grupo de amigos criou uma obra coletiva repleta de originalidade e imaginação. Em sua travessia, o Clube da esquina contou com a criatividade musical de compositores que souberam dar vida à composição de canções de rara profundidade e de faces múltiplas. Durante os anos 1970, eles construíram uma trajetória repleta de novos sonhos que ultrapassavam os limites da realidade vivida à época. Canções que nem mesmo o tempo foi capaz de apagar.

Por Bruno Viveiros Martins

Bruno Viveiros Martins é mestre em  História pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atua como produtor e apresentador do programa Decantando a república: diálogos em prosa, verso e melodia, da Rádio UFMG Educativa 104, 5 FM. Autor do livro “Som Imaginário: a reinvenção da cidade nas canções do Clube da Esquina” (Editora UFMG, 2009).

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Don e Juan

Por: Juliano Nicoliello e Thaís Colen
Don e Juan contam sua história
      Nascidos em Varginha, a dupla sertaneja Don e Juan popularizou o sertanejo universitário em todo o Brasil. Ainda crianças, iniciaram a carreira como a dupla Rogério e Roberval que durou 10 anos. Mais tarde, na adolescência formaram a banda de baile GR3 juntamente com seu irmão Rosemar. Chegaram a se separar durante seis anos e sete meses quando Don foi se dedicar à ópera e ao repertório operístico. A dupla estourou de uma forma inusitada e inesperada pelos irmãos, após Don compor a música Porque Será, Juan sugeriu que eles gravassem a música como uma brincadeira, sem compromisso, e após essa “brincadeira” Porque Será foi estouro e sucesso garantido em todo o país.
      Em um dia de gravação do programa Don e Juan e sua história fomos recebidos pelos irmãos. Simples e muito receptivos, com um jeitinho mineiro de quem viveu alguns bons anos no interior, entre boas gargalhadas eles contam casos, relembram a trajetória e as muitas dificuldades enfrentadas até terem o trabalho devidamente reconhecido.

Don, você começou sua carreira bem cedo, aos seis anos se apresentando em exposições agropecuárias e festas em Varginha. Quais as dificuldades que vocês enfrentaram neste início de carreira?

Don
Don. Nós passamos por quase todas as dificuldades possíveis. É uma carreira muito difícil, porque não depende do teu empenho, da tua dedicação, do seu talento pra que você tenha êxito. Música não depende disso, é uma série de fatores. É o momento do mercado, é o que as pessoas querem ouvir, tem haver com o seu repertório, então tem que haver oportunidades. Nós passamos por quase tudo de dificuldade, até o ponto de pensar em desistir, em 2002, quando eu fui embora do Brasil. Eu não queria mais mexer com música sertaneja e foi exatamente quando eu compus a música Porque Será.

Nesse início da carreira vocês se dividiram entre o estudo e a música, em que ponto vocês perceberam que a música era o caminho certo para vocês?

Juan
D. Na verdade a gente nunca percebeu, a gente foi estudar, o que é sempre muito bom, né? Conhecimento é algo que ninguém te tira, mas a gente foi fazer faculdade por pura frustração no segmento musical. Quando a gente tava desistindo, eu já havia me formado, ele estava se formando, Porque Será pegou. A gente nunca planejou isso, a gente sempre quis fazer música, só que tava tão difícil por isso que a gente estudou.

Juan. E entre ganhar dinheiro com publicidade ou administração que a gente é formado, a gente preferiu ganhar com música. Até porque a gente gosta de fazer, então acho que foi o momento que a gente teve mesmo que fazer uma opção, uma escolha.

D. Mas não foi planejado.

Porque o nome Don e Juan? Don nós sabemos que vem da infância, um apelido pelo dom musical. E o Juan? Como foi a idéia?

J. Quando voltamos com a dupla, era Rogério e Roberval. E eu propus os apelidos Don e Juan. Ele já tinha o apelido de Don desde a infância. Quando a gente falava o nome Don e Juan as pessoas falavam “nó eu conheço”.

D. Não o povo achava era brega também. (Risos)

J. Não tínhamos dinheiro para divulgar, então usamos o apelido que é mais fácil assimilar.

D. É brega mais é “bão”!

Don, aos 26 anos você começou a se dedicar ao canto lírio e à ópera com a professora e maestrina Neide Zipriane; depois passou seis meses na Alemanha onde fez parte do coral da Universidade Federal local, o que essa influência acrescentou no seu trabalho na música sertaneja?

D. Esse assunto é um motivo de muito orgulho. Nunca tive a pretensão de ser cantor de ópera, fui encontrado pela Neide Zipriane. Ela me disse que eu era tenor e isso era raro, ter a capacidade de cantar dentro de um teatro pra mil e duzentas pessoas sem microfone. Fiquei quase sete anos me dedicando única e exclusivamente à ópera. Eu tive a oportunidade de ir embora do Brasil.

E o que te trouxe de volta ao Brasil e ao Sertanejo?

D. Eu e o Juan nós somos irmãos, né? E a gente ta nessa luta, desde os meus seis anos de idade, o Juan tinha sete e era ele que me acompanhava no violão nessa época. Isso fez com que eu parasse e voltasse para dedicar à música sertaneja, que é a nossa paixão. Tenho muito orgulho de dizer que fiz ópera, mas foi por isso que eu voltei para cantar sertanejo, principalmente pelo fato de o Juan ser meu irmão e a gente estar separado.

Juan, qual experiência você tirou do trabalho com a banda GR3? Porque esse nome?

J. A banda foi montada por mim, pelo Don que era Roberval, e nosso irmão Rosemar. Eram os três irmãos e o G de grupo, antigamente os pais tinham mania de colocar o nome com a mesma inicial, então era Rogério, Roberval, Rosemar, Rodrigo, etc, aquele trem bagunçado. Então quando montamos a GR3 tentando sobreviver de música. Na nossa adolescência a gente quis se profissionalizar e ganhar dinheiro, o sertanejo não tinha mercado e a gente acabou caindo na vida de bailes. Não por querer, mas sim por necessidade. Isso foi um aprendizado muito importante pra gente porque é uma bagagem que você carrega, vai aprendendo como lidar com o público e eu acho que o palco hoje não é qualquer um que pode subir e administrar.

D. Eu acho que isso é que propiciou a gente a fazer TV. A desenvoltura que a gente acabou desenvolvendo em função dos bailes, aquela capacidade que você tem de tocar de Ray Conniff a axé, isso fez com que a gente ganhasse experiência.

Como surgiu a oportunidade de fazer o programa Don e Juan e sua história?
J. Foi um convite feito pelo Rodrigo Scoralick, que é o diretor de programação da TV Alterosa. Ele tava dirigindo o nosso DVD no Chevrollet.

D. Nós contratamos uma equipe de São Paulo, a mesma que fez o DVD da Ivete, JM. Eles fizeram contato com o Rodrigo aqui, convidando ele para fazer a direção de cortes de câmera e ele se apresentou “olha, eu sou de BH, sou lá da TV Alterosa”. Acabou surgindo uma amizade, e ele falou “olha eu tenho uma idéia de fazer um programa musical, não quero nada de play-back”, o que a gente topou de imediato.

Vocês já passaram por alguma situação inusitada ou engraçada durante os shows ou na gravação do programa?

D. O palco é uma incógnita. A gente sabe que vai entrar, agora, mas como que vai sair...

O Juan já caiu do palco fazendo solo de guitarra, as pessoas jogam objetos que deixam a gente completamente constrangido. Esses dias pra traz jogaram... Pô, a mulher “rancou” a calcinha no meio da platéia e jogou e o marido tava perto. Foi uma confusão danada. (risos)

J. A gente tem uma música que chama Princesa, é um pedido de casamento. O que chove de aliança lá em cima do palco você não acredita.

D. Palco é sempre uma mágica, né? A gente nunca sabe o que vai encontrar. E na saída do palco melhor ainda. Eu até tenho uma cicatriz na boca em função de unha.
Qual é o tipo de abordagem que os fãs com vocês?

J. Ah, é carinhosa, né?

D. A turma hoje ta mais tranqüila.

J. Antigamente eles eram mais agressivos, chegavam e pegavam a gente em tudo quanto é lugar que você imaginar.

D. Quando fala em agressivo, não é em nenhum momento com a intenção de machucar a gente.

J. Euforia. Eu acho que é euforia.

D. Às vezes o tumulto que se cria em função ate dessa exposição na mídia. Essa coisa de “ta” na televisão. Às vezes o fã fica esperando que você vá na cidade dele durante um tempão, quando você chega, é natural que eles queiram “ta” perto. Agora hoje com essa questão toda da internet, os fãs ficaram muito próximos dos artistas.

Vocês têm referencias de músicos mineiros na trajetória de vocês?

D. Olha se eu te falar dentro do sertanejo, a gente não tem. Acho que as grandes referências que a gente tem do sertanejo são de Goiânia ou do interior de São Paulo. Aqui em Minas Gerais, quem já esteve no nosso programa mais de uma vez foi o Trio Parada Dura. Esse sim a gente cresceu ouvindo até em função dos nossos pais.
Dentre os convidados do programa, teve algum que foi mais marcante?

D. A gente cantou com o Mato Grosso. Foi uma pena que o Matias não ser o original, sem fazer aqui nenhuma distinção do que veio, mas quando a gente fala de ídolos, o Mato Grosso e Matias é uma dessas duplas que a gente cresceu ouvindo. A gente queria poder estar vendo os dois juntos ali, né?


J. Gian e Giovani, que além de ser referência pra gente, são amigos pessoais. E o fato deles estarem presentes aqui na gravação foi um momento especial.

Tem alguma contagem oficial de quantos CDs e Dvds já foram vendidos até hoje?

D. Mais de um milhão com certeza. Se a gente for colocar esses dados da gravadora, se for colocar pirataria nisso aí, né? De acordo com a gravadora Universal, 94% do nosso mercado em Minas é de pirata. Se você vendeu aqui 20 mil discos, isso corresponde a 6%, se você colocar mais 94%, ai sabe quantos discos foram feitos em Minas. A grande pirataria acontece dentro da nossa casa, hoje todo mundo baixa música. Então, assim, o Don e Juan já passou de um milhão há muito tempo.

Qual a opinião de vocês sobre o atual cenário musical mineiro, o cenário de músicas em Minas?

D. Em que Minas Gerais, agora, a justiça ta sendo feita. Em 97, quando a gente cantava como Rogério e Roberval, a gente teve a oportunidade de conhecer também Gian e Giovani. Eles afirmavam assim que Minas Gerais é o estado que mais shows dá pra todos os artistas, é o estado mais festeiro do Brasil, haja vista que nós temos aqui 853 municípios festeiros. Se você for colocar isso, dá uns cinco anos sem repetir a cidade. Minas Gerais sempre teve talentos, gente o que não falta é talento em todos os segmentos. Se você vai pegar a MPB, o que tem de gente boa ai, tocando em barzinho, um cara com voz e violão que faz um trabalho belíssimo. O nosso pop rock é o melhor, indiscutivelmente, com os dois representantes de ponta, Skank e Jota Quest.

J. O próprio 14bis, eles fizeram história, né? Eu acho que Minas Gerais ta extremamente bem representada e vou dizer mais, o pessoal pode aguardar que ainda tem muita coisa boa pra aparecer ai.

D. Sabe o que acontece? É a democratização também da mídia. O Brasil era Rio e São Paulo, e se você quisesse fazer sucesso ou você ia pra lá ou você esquece. Hoje não. Pra você ver, o próprio programa nosso, Don e Juan, passa no Distrito Federal com uma audiência altíssima e só não foi pra rede nacional até hoje porque a nossa gravadora entendeu que não era viável, pra que isso não fechasse portas para nós em outras emissoras.

O que vocês acham da proposta de uma revista como a nossa, que vai abordar só a música mineira, dando espaço para os artistas mineiros?

J. Pelo segmento que vocês tão abrangendo, é muito importante, porque vocês estão falando de música, e eu acho que Minas Gerais não tem uma revista direcionada a música. Independente de ser sertanejo ou não. Eu acho que a música é muito rica, né? Vocês têm conteúdo ai para pra falar assim muito tempo.

D. Eu sou mineiro de coração assim, então tudo que eu vejo em Minas Gerais, se eu puder contribuir de alguma forma, eu farei. Acho que o nosso país ainda não descobriu o estado que é Minas Gerais, o que a gente vende de Minas Gerais pra fora ainda é muito pequeno perto do que a gente tem. Eu acho que vocês vão abranger uma coisa que o mineiro ama, que é a música. Somos um povo extremamente musical, desde os congados, as festas de folia de reis, bandas de rock como Sepultura. Nem cheguei a comentar, né? Mas ta aí.

Por: Juliano Nicoliello e Thaís Colen

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Revelação Sertaneja – Entrevista com o cantor Luiz Henrique

Por Juliano Nicoliello e Thais Colen

      Com apenas nove meses de carreira, o cantor Luiz Henrique, 38, está lançando seu primeiro CD. Após ter participado de uma banda de pop rock durante três anos chamada Sem Nexo, e dois anos como a dupla sertaneja Luiz e Mike, em paralelo com sua carreira de advogado, Luiz Henrique largou tudo para se dedicar única e exclusivamente à música. Seu CD Feitiço é composto por 15 músicas, entre elas, duas são de autoria própria, Se ainda existe amor e O amor não foi tão grande assim.

      A música que está estourando nas rádios mineiras e impulsionando a carreira de Luiz Henrique é a Não existe muié feia, que conta a participação especial de seus padrinhos Gino e Geno. Engraçada e dançante, a música tem conquistado os gostos dos mineiros.

      Luiz Henrique chega sorridente ao lado da sua mãe, a Sra. Nair Batista. Simpática e alegre, ela acompanhava o filho para aproveitar o tempo que ele passa em Belo Horizonte. Indagado sobre sua carreira e seus projetos para o ano de 2010, Luiz Henrique responde todas as perguntas, sendo a primeira com a ajuda da mãe zelosa.

Como foi o apoio da família quando decidiu se dedicar a música?

Mãe: A gente perguntou se que ele preferia advocacia ou música, o que ele achar bom. Aí ele falou: eu prefiro a música mesmo.

Como surgiu seu apadrinhamento com Gino e Geno? Como foi essa oportunidade?

Um amigo comum meu e do Gino, me apresentou para poder pedir opinião do Gino sobre essa minha empreitada. Aí fomos à fazenda dele e passamos uma tarde muito boa tocando, cantando, comendo uma linguicinha ótima que a Chiquinha fez pra gente. Gino falou que ele não tem bola de cristal, que na música não existe nada garantido, mas que eu tenho todos os pré-requisitos para poder investir na carreira. Disse ainda que eu canto bem, que tenho uma boa comunicação, o que me deu a maior força. Aí ele até falou “olha quero gravar uma música no seu cd junto com você, vou falar com o Geno. Então com um aval desses, me deu muita coragem para poder tomar essas decisões todas.

Você já gravou algum videoclipe?

Ainda não. Estamos com um projeto para fazer um videoclipe da canção Feitiço, que deve ficar pronto até o segundo semestre.

Você tem gravadora?

Não. O trabalho foi independente, produção minha com o Júnior Melo que é o meu produtor musical.

Tem duas composições suas no cd, qual a sua inspiração?

Pode-se dizer que minha inspiração é o amor, minha experiência de vida, mas não tem assim uma pessoa ou uma coisa específica que me inspirou nas canções. Foram situações da vida mesmo que eu traduzi na letra da música. (risos)

Tem mais composições que não entraram neste cd e entrarão no próximo?

Tem umas surpresinhas vindo aí. (risos).

Como é o seu processo de composição?


Eu nunca havia me dedicado 100% a música como eu venho fazendo agora. Então as duas composições que são autorais minhas nesse cd vieram espontâneas. Até a segunda que foi muito engraçada, porque foi num final de semana que eu fiquei sozinho em Uberlândia e dormi muito cedo nesse dia. Fui acordar lá pelas três e tanto da madrugada, peguei o violão e quando foram sete horas da manhã, eu tava ligando pra minha mãe pra poder mostrar a música que eu havia feito nessa madrugada. Então surgiu assim espontâneo. Como eu tava muito envolvido no processo todo, porque a produção foi independente, então cada detalhe da arte, do cd, do repertório, da produção, de tudo passou pelas minhas mãos. Não tive muito tempo para me dedicar às composições, espero sobrar um tempinho na minha agenda para ficar por conta disso. Agora a gente já “tá” mais estruturado, com o escritório que “tá” cuidando da minha carreira. Espero poder ficar um pouco mais livre para poder compor e fazer a parte artística que é a que me cabe.

Contando o tempo que participou da banda Sem Nexo e com a dupla sertaneja, contando também a carreira solo, pode-se dizer que tem no total sete anos de carreira?



É pode-se dizer, mas todo esse processo nunca foi 100% vividos como tem sido esses últimos seis meses. Então eu diria que, talvez, o Luiz Henrique esteja nascendo agora pro mercado. Posso dizer que tudo isso me deu bagagem, me deu formação pra poder ter desenvolvido esse trabalho do projeto do cd e da turnê Feitiço.

Tem alguma parceria musical, com além do Gino e Geno, alguém que compõe para você?
Tem sim. Foi muito oportuna a sua pergunta por que a gente tem uma parceria com dois irmãos de Itumbiara (Goiás), Diego Damasceno e Daniel Damasceno. Minha parceria com eles é muito forte, eles são compositores já renomados com canções de sucesso nacional, com Jorge e Mateus, Michel Teló, João Bosco e Vinicius, João Neto e Frederico, entre outros. No meu cd tem 50 a 60% do cd de parceria com eles.


Quantas pessoas da sua família trabalham de alguma forma com a música?


Meu irmão Carlos é o administrador financeiro da LH Produções, que cuida dos meus shows e eventos. O papai que já é falecido e conquistou a mamãe com “Deusa de Minha Rua”, que era uma canção de seresta antiga - mas não pode chorar não “né” mamãe? (risos). Tem também o Luiz Antônio que segue com o grupo dele de seresta.

Como você vê o mercado de música mineira ?

Minas Gerais tem uma importância muito grande no cenário musical brasileiro. Teve a época de 14Bis, Milton Nascimento, Elomar, Tadeu Franco, Flávio Venturini, dentre outros tantos nomes. Talvez eles tenham sido um pouco prejudicados em função do eixo Rio - São Paulo, mas nós temos aí Skank, Jota Quest, quebrando esse paradigma. No cenário sertanejo, temos César Menotti e Fabiano e Eduardo Costa. Hoje, Minas Gerais representa uma importância muito grande, principalmente no nosso cenário sertanejo.



Por Juliano Nicoliello e Thaís Colen